Vias, canais, montes de terra, namorados, costa do marfim, seixos ao redor da Terra, viagens, trilhas por onde se caminha, jaulas, circo de elefantes e serpentes, língua das coisas, mundo, bagagem que as coisas trazem, infinita bruxaria do verão que sobe e desponta com seu sol.
A necessidade de um hino em direção às coisas que compõem o mundo tão diverso. Como abarcar num só hino todas as ofegantes coisas? Sinalizar o mundo, cifrar com palavras as coisas do mundo já cifrado – recifrar. Provar o pão e dele extrair uma palavra. Expôr-se ao sol e dele fabricar um ritmo.
Solares, as coisas revoam, mas revoam indiferentes, na alegria do que revoa sem saber qual a lufada que iniciou seu revôo, revoada. Ou o deixar-se estar das coisas, seu ficar-ali, a bizarra estaticidade das pedras, o amontoar-se dos grãos, o acumular-se da impaciência nos corpos, o correr de um líquido abundante – ou mesmo o silêncio.
Tarântulas guiam um corpo, funeral de aranhas, trouxa de trapos, destino. Quem põe dentro do corpo essa música? Indaga, que ao redor de ti tudo é pergunta. Duvida, que sobre ti as coisas se chocam e nada indica que se choquem com cuidado, mas se chocam rudes, duras, sem delicadeza. E tu mesmo te chocas, sem saber, com as coisas do mundo.
Tu, que com tuas garras me adivinhaste antes que eu de ti recebesse uma notícia. Tu, teus tendões, teu vasos, o líquido dos teus olhos, teus artelhos. Na orquestra, as coisas renunciam a permanecerem coisas, mas ascendem, brincam, aparecem sob renovada luz. Eu ouço com cuidado a tua música.
Moinho, cisne, aparência do mundo, milharais, trigais do mundo que sucedem as folhagens inumeráveis do mundo. Aparição de um rastro sobre as enseadas, cortinas que ocultam teu corpo, música ferrenha. Estou ali, onde estás. Os incêndios são muitos no país. Gostaria que viesses, manso, na tarde com sombreros.
Já que estamos sós, permaneçamos, como quietos animais no campo permanecem. Já que estamos cegos, avancemos, permaneçamos mudos, tal como cavalos no campo permanecem mudos quando amanhece. Nada aqui nos acalenta. Acalentemos, pois, um ao outro.
O hino está fragmentado. As coisas do mundo são as mais diversas. Antes condensa o teu mundo, depois canta. Pois o canto, quando o mundo é vário, é um canto vário, sem intérprete. Como construir um mundo? O canto obscuro é um exercício, o mundo mesmo parece então um exercício, um ensaio. Quando é que o mundo começa? Disciplina o canto, para que ele crie os músculos. Pois o mundo não se deixa abarcar por canto frouxo, ele exige vigor. Buca o ritmo propulsivo, viril. Pois no canto viril o mundo abre as variadas comportas, desce, aceita, permanece.
A necessidade de um hino em direção às coisas que compõem o mundo tão diverso. Como abarcar num só hino todas as ofegantes coisas? Sinalizar o mundo, cifrar com palavras as coisas do mundo já cifrado – recifrar. Provar o pão e dele extrair uma palavra. Expôr-se ao sol e dele fabricar um ritmo.
Solares, as coisas revoam, mas revoam indiferentes, na alegria do que revoa sem saber qual a lufada que iniciou seu revôo, revoada. Ou o deixar-se estar das coisas, seu ficar-ali, a bizarra estaticidade das pedras, o amontoar-se dos grãos, o acumular-se da impaciência nos corpos, o correr de um líquido abundante – ou mesmo o silêncio.
Tarântulas guiam um corpo, funeral de aranhas, trouxa de trapos, destino. Quem põe dentro do corpo essa música? Indaga, que ao redor de ti tudo é pergunta. Duvida, que sobre ti as coisas se chocam e nada indica que se choquem com cuidado, mas se chocam rudes, duras, sem delicadeza. E tu mesmo te chocas, sem saber, com as coisas do mundo.
Tu, que com tuas garras me adivinhaste antes que eu de ti recebesse uma notícia. Tu, teus tendões, teu vasos, o líquido dos teus olhos, teus artelhos. Na orquestra, as coisas renunciam a permanecerem coisas, mas ascendem, brincam, aparecem sob renovada luz. Eu ouço com cuidado a tua música.
Moinho, cisne, aparência do mundo, milharais, trigais do mundo que sucedem as folhagens inumeráveis do mundo. Aparição de um rastro sobre as enseadas, cortinas que ocultam teu corpo, música ferrenha. Estou ali, onde estás. Os incêndios são muitos no país. Gostaria que viesses, manso, na tarde com sombreros.
Já que estamos sós, permaneçamos, como quietos animais no campo permanecem. Já que estamos cegos, avancemos, permaneçamos mudos, tal como cavalos no campo permanecem mudos quando amanhece. Nada aqui nos acalenta. Acalentemos, pois, um ao outro.
O hino está fragmentado. As coisas do mundo são as mais diversas. Antes condensa o teu mundo, depois canta. Pois o canto, quando o mundo é vário, é um canto vário, sem intérprete. Como construir um mundo? O canto obscuro é um exercício, o mundo mesmo parece então um exercício, um ensaio. Quando é que o mundo começa? Disciplina o canto, para que ele crie os músculos. Pois o mundo não se deixa abarcar por canto frouxo, ele exige vigor. Buca o ritmo propulsivo, viril. Pois no canto viril o mundo abre as variadas comportas, desce, aceita, permanece.
3 comentários:
Ygor, parabéns pelo seu blogger. Espaço de sensibilidade e bom gosto. Obrigado pelas visitas diárias que faz ao SER DA MÚSICA.
Um abraço musical!
boa literatura!
muito boa.
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