De onde aparece a salamandra , aparece também Dona Edite, revestida em seu traje radioativo especial . Dona Judite, sua amiga , é uma avestruz que se alimenta de hormônios . Com as mãos dadas e costuradas, Judite e Edite seguem, aos trancos , rumo ao Estreito de Bósforo . Judite tem pés de pato . Edite não usa sapatos . Ambas gostam de um bom grelhado , abrem zíperes com destreza e sabem compor serenatas de amor . O marido de Dona Judite chama-se Cláudio e é um ferro de passar roupa . Cláudio tem passado os últimos dias com enxaqueca . Edite aconselha cuidados . Amiga de todos é Dona Estratosfera , cujo apelido é Simônides. Hiper-aberta a novos desafios , Simônides pratica surf aéreo e visita casas de swing. Boas expectativas para dona Estratsofera, que um dia desses convenceu Judite a ir a uma dessas casas . Num dos quartos estavam cinco mulheres , quatro homens , uma antiga imagem de São Mateus , padroeiro dos pedregulhos e um pênis de borracha . Na mesma hora em que viu a foto do pedregulho , Judite teve uma ereção . Humberto também é amigo dessa turma . Ele é uma janela veneziana , se bem que sua armação tenha sido toda forjada em Três Corações . Horácio é um tubo por onde Dona Edite avista a arrebentação do mar . Por trás do azul mais azul vive Décio, um cavalo-marinho com quem Edite e Judite discutem, fumam e bebem café nas tardes de novembro . Judite gosta de coador de papel . Edite prefere coador de pano . Assim , cada qual faz seu café . Estratosfera chega para dar um oi . Traz a cabeça perfurada de balas . Um pouco do cérebro dela pinga no café mas Judite diz – não faz mal , assim é mais gostoso ! Para completar só falta mencionar aqui o ajudante de Décio. Chama-se Bartolomeu. Profissão : escafandrista . Vive sem camisa pela casa e coçando o saco , lançando para Judite olhares de lascívia e para Edite olhares de desprezo . Na sala da casa , a samambaia é chamada de Sileno. Agora faz silêncio . Simônides cochila no divã . Uma brisa tão leve chega a soprar , sem ruído . É hora de ver televisão .
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