segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um poema de Federico Garcia Lorca.



O AMOR DORME NO PEITO DO POETA

Tu nunca entenderás quanto te quero
porque vives em mim, adormecido.
Por vozes de aço agudo perseguido,
dentro de mim, em pranto, eu te encarcero.

Norma que agita igual carne e luzeiro
traspassa já meu peito dolorido
E as túbidas palavras têm mordido
as asas de teu ânimo severo.

Nos jardins gente aguarda entre boninas
teu corpo e minha angústia, a toda brida
em cavalos de luz e verdes crinas.

Continua a dormir, tu, minha vida.
Ouve meu sangue roto em notas finas!
Olha que nos espreitam sem medida!

GARCÍA LORCA, Federico. Sonetos do amor obscuro e Divã do Tamarit. Tradução de Afonso Félix de Sousa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998, p. 41.

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