Como um lampião no aberto campo
ilumina à sua volta a escuridão
e sobre a noite funda lança sua força,
limitada, é certo, mas potente -
assim persiste força humana.
Como aquele rude lampião enfrenta o escuro
munido apenas de sua única chama,
assim é a luz humana: perece enquanto brilha,
mas enquanto brilha alimenta a vida
sendo esta mesma vida o que lhe atiça a flama.
Solidão dessa luz encerrada na treva
teu flamejar é o meu próprio coração aceso
e a tua altivez é a minha coragem,
subitamente erguida.
Ah camparias, hinos, amplidões!
O combustível dessa chama é a minha fome
e o comburente sou eu mesmo –
um flanco em carne viva lacerado
um pomo vivo consumido às pressas.
Que o fogo encendido em ti é o meu fogo
e o fogo de tudo: nisso somos um,
nós e o todo, que arde conosco
enquanto eu ardo convosco e ardemos todos,
parceiros de incêndio.
Ah céus da madrugada, ah voragem,
devoração veloz dos corpos estendidos,
maturação da urgência dos frutos.
Ah prontidão imaculada das coisas
efêmero estar-aceso das coisas
seu ofuscante reluzir e seu relampejar.
Tal qual o lampião aceso aceita o vento
e a cada rajada a sua labareda cresce -
assim estamos frente ao refluir do tempo
mais viçosos a cada investida
mais altivos a cada chibatada
a cada tentativa mais brilhantes.
Pois se é o fogo o princípio de tudo
como na trágica Grécia predisse o Obscuro;
pois se em tudo age a mesma e contínua fome
e pela mesma fera tudo é consumido,
lembremos nós de arder enquanto o vento ruge
e de espalhar sobre o negrume nossa luz –
que essa luz finda, o querosene acaba
e à noite arcaica sobrepõe-se o dia glorioso
e sempre novo.
Mas resiste, petulante e radiosa vida
erguidos os seus mastros, suas velas enfunadas,
sem que os desmandos do tempo a desgovernem –
tal qual o lampião resiste, à beira da ramada
e fita com augusta audácia a madrugada.
Madrugada que só lhe devolve o entreabrir de espaços:
o navegar da lua sob a nuvem,
a coronilha do campo macerada,
o relincho agudo dos crioulos
e a algazarra das vozes misturadas dos pássaros.
ilumina à sua volta a escuridão
e sobre a noite funda lança sua força,
limitada, é certo, mas potente -
assim persiste força humana.
Como aquele rude lampião enfrenta o escuro
munido apenas de sua única chama,
assim é a luz humana: perece enquanto brilha,
mas enquanto brilha alimenta a vida
sendo esta mesma vida o que lhe atiça a flama.
Solidão dessa luz encerrada na treva
teu flamejar é o meu próprio coração aceso
e a tua altivez é a minha coragem,
subitamente erguida.
Ah camparias, hinos, amplidões!
O combustível dessa chama é a minha fome
e o comburente sou eu mesmo –
um flanco em carne viva lacerado
um pomo vivo consumido às pressas.
Que o fogo encendido em ti é o meu fogo
e o fogo de tudo: nisso somos um,
nós e o todo, que arde conosco
enquanto eu ardo convosco e ardemos todos,
parceiros de incêndio.
Ah céus da madrugada, ah voragem,
devoração veloz dos corpos estendidos,
maturação da urgência dos frutos.
Ah prontidão imaculada das coisas
efêmero estar-aceso das coisas
seu ofuscante reluzir e seu relampejar.
Tal qual o lampião aceso aceita o vento
e a cada rajada a sua labareda cresce -
assim estamos frente ao refluir do tempo
mais viçosos a cada investida
mais altivos a cada chibatada
a cada tentativa mais brilhantes.
Pois se é o fogo o princípio de tudo
como na trágica Grécia predisse o Obscuro;
pois se em tudo age a mesma e contínua fome
e pela mesma fera tudo é consumido,
lembremos nós de arder enquanto o vento ruge
e de espalhar sobre o negrume nossa luz –
que essa luz finda, o querosene acaba
e à noite arcaica sobrepõe-se o dia glorioso
e sempre novo.
Mas resiste, petulante e radiosa vida
erguidos os seus mastros, suas velas enfunadas,
sem que os desmandos do tempo a desgovernem –
tal qual o lampião resiste, à beira da ramada
e fita com augusta audácia a madrugada.
Madrugada que só lhe devolve o entreabrir de espaços:
o navegar da lua sob a nuvem,
a coronilha do campo macerada,
o relincho agudo dos crioulos
e a algazarra das vozes misturadas dos pássaros.
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